Commandos Marine - França

Mergulhadores de combate do Commandos Marine francês Os Commandos Marine (Comandos da Marinha) são as Forças de Operações Especiais (SOF) da Marinha Francesa. Seu efetivo é composto por cerca de 650 membros, a maioria com base no noroeste da França (Bretanha), contando ainda com várias bases em todo o país para necessidades específicas de treinamento. Os Commandos Marine são conhecidos como os Bérets Verts (Boinas Verdes) operando sob o comando do Naval Riflemen and Special Forces Command (FORFUSCO) e fazem parte do Comando de Operações Especiais francês. A unidade foi criada em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial, na Grã-Bretanha nos moldes dos comandos britânicos (que haviam iniciado suas operações em 1940). Seus primeiros membros eram voluntários franceses livres de diferentes Armas, principalmente do Fusiliers de Marins (Fuzileiros Navais), de outras especialidades da Marinha e até mesmo do Exército. Foram treinados no Centro de Treinamento de Comandos de Achnacarry, na Escócia e se juntaram ao Comando Nº 10 (Aliado) como a 1ª e a 8ª Tropa. Para celebrar este fato, a boina dos comandos navais franceses é usada puxada para a direita com o distintivo na altura do olho esquerdo, o oposto de todas as outras unidades militares francesas. O 1º BFMC (Battalion de Fusiliers Marins Commandos, Batalhão de Comandos da Marinha) participou do desembarque na Normandia, no dia D, sob o comando do tenente-comandante Philippe Kieffer, na área de praia Sword, na ocasião integrados ao Nº 4 Commandos. A seguir, participaram da campanha da Holanda, ainda associada ao Nº 4. Quando as Unidades de Comandos britânicas foram dissolvidas na conclusão da Segunda Guerra, as duas tropas francesas (formando o 1º BFMC) foram repatriadas para a França para substituir o 1ª RFM (1º Regimento de Fuzileiros da Marinha) que fora enviado para a Indochina (atual Vietnã). A maioria deles foi desmobilizada ou retornou às suas Armas de origem (Exército ou outras especialidades da Marinha), mas o comandante Philippe Kieffer mostrou ao Ministério da Marinha francês que um Corpo de Comandos era uma capacidade necessária para combater a guerrilha na Indochina.

Então os membros sobreviventes do 1º BFMC formaram a liderança principal e os quadros para a Escola de Treinamento do Comandos criada na Argélia em 1946 (Centro Siroco, em cabo Matifou). Outro ramo vem da Unidade de Reconhecimento Naval criada em dezembro de 1944, companhia NYO, formada por voluntários de diferentes partes da Marinha, principalmente dos Fuzileiros Navais (Fusiliers Marins) e da Artilharia Naval. Esta unidade mais tarde renomeada como Companhia Merlet (o nome de seu fundador e comandante, Tenente Jean Merlet), lutou na Itália antes de ser enviada para a Indochina em setembro de 1945. Foi renomeada como Companhia Jaubert, o primeira unidade de comandos a ser constituída quando a Marinha francesa decidiu criar um Corpo de Comandos em 1946. Por uma decisão de 19 de maio de 1947, o Ministério da Marinha criou cinco unidades de "Commandos Marine", organizadas e projetadas no padrão dos comandos britânicos. A Marinha Francesa transformou várias companhias de Fusiliers de Marins (Fuzileiros Navais) já testadas em combate na Indochina (incluindo a Companhia Jaubert) ou baseadas em destróieres da Marinha (para se tornar Commandos Trepel e Commandos de Penfentenyo) e gradualmente renovou seu pessoal com recrutas habilitados como comandos após terem passado pelos cursos do Centro Siroco. Os Commandos François e Commandos Hubert foram formados a partir do zero. Este último tornou-se a unidade oficial de comandos paraquedistas da Marinha e por este motivo, era integrado de preferência por antigos membros do Ponchardier SAS-B, já qualificados em saltos. Cada um deles homenageou um oficial morto em ação durante a Segunda Guerra Mundial ou durante a campanha da Indochina: capitão Charles Trepel, tenente Augustin Hubert, comandante François Jaubert, tenente Alain de Penfentenyo e tenente Jacques François. O Commandos Hubert tornou-se oficialmente uma unidade de mergulhadores de combate em 30 de março de 1953, composta por mergulhadores de combate oriundos da Marinha e do Exército (SDEC, Serviço Secreto).

Equipe de intervenção do Commandos Marine francês A maioria dos recrutas deve ter completado o Curso Básico de Fuzileiros Navais e ter servido pelo menos por nove meses. Passam então por um curso de treinamento básico de forças especiais, chamado Estágio de Comandos e reconhecido como sendo um dos mais difíceis entre as Forças de Operações Especiais da OTAN, apresentando em 2016 uma taxa de atrito de 82%. O treinamento de comandos é a porta de entrada para as Forças de Operações Especiais dos Fuzileiros Navais. Conduzido na escola Fusilier Marins de Lorient, na costa atlântica, e com uma duração de 20 semanas, inclui uma semana de testes de comandos, seis semanas de triagem e treinamento preparatório, quatro semanas de avaliação, o curso de Operações Especiais durante sete semanas e duas semanas de treinamento em paraquedismo. Durante este período, qualquer erro pode desqualificar instantaneamente o candidato. O objetivo final deste treinamento é detectar indivíduos com o potencial físico, intelectual e psicológico necessário para servir nos Commandos Marine. Eles mantiveram o princípio de treinamento excepcional sem compromisso, com base na imersão em um ambiente altamente estressante, muito próximo das condições reais das operações de combate. Os candidatos estão constantemente sob o estresse e a pressão dos instrutores deixando-os sem descanso, onde todas as atividades são cronometradas e marcadas: marchando dezenas de quilômetros com equipamentos e armas em qualquer condição climática, cursos de obstáculos e exercícios de orientação noturna.

Ao mesmo tempo ocorrem treinamentos com armas de fogo e táticas de assalto, escalada e rapel, condução de embarcações, manipulação de explosivos e combate corpo a corpo. Seu efetivo está distribuído entre sete unidades de comandos: Commando Jaubert e Commando Trepel especializados em ações diretas, resgate de reféns em território hostil e contra-terrorismo; Commando de Montfort e Commando de Penfentenyo capacitados para operações de reconhecimento/Inteligência e neutralização de alvos a longa distância; Commando Kieffer prontificado para operações C3I (Comando, Controle, Comunicações e Inteligência), uso de cães de combate (K9) e operar UAVs; Commando Ponchardier responsável pela logística e suprimentos; e Commando Hubert responsável pelas operações em ambiente subaquático com uso de mergulhadores de combate e ações contra-terrorismo em terra ou no mar. Entre as principais armas que equipam os homens do Commandos Marine estão os fuzis de assalto Colt M-4 e FAMAS, submetralhadoras H&K MP-5, metralhadoras FN Minimi, pistolas automáticas Glock 17 e SIG P-226, fuzis para snipers PGM Hecate II e Ultima Ratio, pistola submarina H&K P-11, entre outras. Suas missões englobam atuações em vários países como Argélia (1958-62), Líbano (1982-91), Golfo Pérsico (1989-95), Ex-Yugoslávia (1992-2000), Somália (1991-93), Congo (1997-98), Haiti (1992) e Afeganistão (1996). Por seus rígidos parâmetros de recrutamento, treinamento e atuação, o Commandos Marine hoje pode ser comparado ao Special Boat Service (SBS) britânico.





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