O Comando de Operações Especiais Navais (NAVSOCOM
- Naval Special Operations Command) é um comando independente
da Marinha das Filipinas, treinado em operações especiais,
sabotagem, guerra psicológica e não convencional, fortemente
influenciado pelos SEALs da Marinha dos Estados Unidos. O
Comando tem sede na Base Naval Heracleo Alano Sangley Point, na Cidade
de Cavite. Possui onze unidades localizadas em várias regiões
das Filipinas, desde a Base Operacional Naval de San Vicente, em Santa
Ana, Cagayan, ao norte, até a Estação Naval de
Zamboanga, ao sul. As tarefas da unidade também foram expandidas
para abranger todas as facetas da guerra não convencional em
ambientes marítimos e fluviais. Isso inclui, entre outros,
demolição, resgate de reféns, força de
proteção e operações táticas marítimas.
A unidade predecessora
do NAVSOCOM, a Equipe de Operações Subaquáticas
ou UOT (Underwater Demolition Teams), foi ativada em 5 de novembro
de 1956 como uma unidade de operações especiais da Marinha.
Seguindo o modelo das Equipes de Demolição Subaquática
da US Navy e da Decima Flottiglia MAS italiana, com modificações
para as condições filipinas, desde sua fundação
a UOT foi encarregada de conduzir operações subaquáticas
em hidrovias, áreas litorâneas e portos em apoio às
operações navais. Estas incluíam desativação
de explosivos subaquáticos, contramedidas de minagem, e busca
e salvamento. Em 1959, a UOT foi expandida e renomeada como
Unidade de Operações Subaquáticas (UOU - Underwater
Operations Unit), posteriormente como Grupo de Operações
Subaquáticas (UOG - Underwater Operations Group). O
UOG foi então renomeado para Grupo de Guerra Especial
(SWG - Special Warfare Group) em 1983, depois para Grupo de
Guerra Especial Naval (NSWG - Naval Special Warfare Group)
e, posteriormente, como Grupo de Operações Especiais
Navais (NAVSOG - Naval Special Operations
Group) em 30 de maio de 2005. Em 7 de julho de 2020,
a unidade tornou-se o Comando de Operações Especiais
Navais (NAVSOCOM), quando foi separada da Frota das Filipinas.
Em 19 de junho de 2024, um comando ficou ferido durante combates com
oficiais da Guarda Costeira Chinesa, após sua embarcação
conduzir uma operação de interceptação
próximo a Thomas Shoal ( também conhecido
como Ayungin Shoal, Bãi Co Mây e Rén'ài
Jiao, é um recife submerso nas Ilhas Spratly, no Mar da
China Meridional, 105 milhas náuticas a oeste de Palawan, nas
Filipinas. É um território disputado e reivindicado
por várias nações). A unidade é especializada
em operações Marítimas, Aéreas e Terrestres
(SEAL), que abrangem reconhecimento, combate corpo a corpo,
demolição, Inteligência e operações
subaquáticas, em apoio a operações navais em
geral. A unidade ganhou destaque em diversas operações
antiterrorismo, principalmente contra o Grupo Abu Sayyaf, e é
conhecida por seu exigente programa de treinamento físico,
baseado no programa SEAL da Marinha
dos Estados Unidos.
O treinamento do NAVSOCOM é conhecido como Curso Básico
de Operações Especiais Navais (BNSOC - Basic Naval
Special Operations Course). É física e mentalmente
exigente e considerado um dos programas de seleção militar
mais rigorosos do mundo. Os candidatos precisam nadar 3 quilômetros
e correr 10 quilômetros todos os dias. Além disso, devem
nadar 14,6 milhas náuticas de Roxas Boulevard, em Manila,
até Sangley Point, na cidade de Cavite, sem descanso.
Eles também passam pela "Semana do Inferno", considerada
a semana mais exigente do treinamento. Os candidatos devem realizar
provas físicas exigentes em equipe com suas tripulações
de barco, sem dormir durante uma semana inteira. Em uma turma do BNSOC,
normalmente apenas 25% dos candidatos que iniciaram originalmente
o programa de treinamento, conseguem completá-lo com sucesso.
Essas são apenas as fases comuns e básicas do treinamento,
evoluindo posteriormente para as fases avançadas (incluindo
resistência a interrogatórios), cujas técnicas
permanecem altamente confidenciais. De acordo com a lei filipina,
mulheres podem se candidatar para se tornarem SEALs, mas até
o momento nenhuma o fez. Os futuros comandos navais passam ainda pelos
cursos de especialização e exercícios em campo,
que duram quatro meses e pode frequentemente se estender por seis,
com intervalos entre as fases. Existem semelhanças entre o
Comando de Operações Especiais Navais das Filipinas
e o Comando de Guerra Especial Naval dos EUA. Os operadores do filipinos
são treinados e operam de maneira semelhante aos US
Navy SEALs. Seu emblema inclusive usa um tridente parecido
com o famoso patch da unidade americana. A contraparte filipina
do Grupo de Desenvolvimento de Guerra Especial Naval dos EUA (DEVGRU
- United States Naval Special Warfare Development Group) é
o Grupo de Reação Especial Naval das Filipinas (SRG
- Special Reaction Group), que opera sob a direção
da Inteligência Naval. Eles treinam frequentemente com seus
colegas americanos e operam ao lado dos Fuzileiros Navais das Filipinas
e do Comando de Operações Especiais do Exército
das Filipinas (SOCOM). Os comandos do NAVSOCOM tiveram
seu "batismo de fogo" ao atuarem, juntamente com Forças
regulares e de Operações Especiais do Exército,
ao cerco da cidade de Marawi, um conflito armado de cinco meses de
duração, entre as forças de segurança
do governo filipino contra militantes afiliados ao Estado Islâmico,
incluindo os grupos jihadistas salafistas Maute e Abu Sayyaf. A batalha
também se tornou o mais longo combate urbano da história
moderna do país. Militantes do grupo Maute atacaram o Campo
Ranao e ocuparam vários prédios na cidade, incluindo
a Prefeitura de Marawi, a Universidade Estadual de Mindanao, um hospital
e a cadeia da cidade. Eles também ocuparam a rua principal
e incendiaram a Catedral de Santa Maria, a Escola Ninoy Aquino e o
Colégio Dansalan, administrados pela Igreja Unida de Cristo
nas Filipinas. Os militantes também fizeram um padre e vários
fiéis reféns. Em 23 de outubro, o Secretário
de Defesa das Filipinas, anunciou que a batalha de cinco meses contra
os terroristas em Marawi havia terminado.
O NAVSOCOM
é composto pelas seguintes unidades: Quartel-General;
Grupo SEAL (SEALG); Grupo de Embarcações
Especiais (SBG); Grupo de Mergulho Naval (NDG); Grupo
de Desativação de Explosivos Navais (NEODG);
Grupo de Apoio ao Combate (CSSG); e Centro de Treinamento e
Doutrina (NSOTDC). As
Unidades de Operações Especiais Navais (NAVSOUs),
cada uma composta por 3 a 6 equipes de operações especiais,
e cada equipe com 8 efetivos (1 oficial e 7 praças), são
designadas da número 1 até a número 11. Os
comandos estão equipados com pistolas semi-automáticas
Glock 17, calibre 9mm, fuzis de assalto HK-416
e Colt Commando M4, ambos no calibre 5.56mm, submetralhadoras
HK MP-5, calibre 9mm, metralhadoras M60E5/E6,
calibre 7.62mm, fuzis de precisão (sniper) M110A2,
calibre 7.62mm, sistemas de visão noturna PVS-14 e
PVS-31, entre outros. Dez lanchas rápidas foram adquiridas
pela unidade em dezembro de 2020.