A Coréia do Norte, talvez o país comunista mais fechado
para o Ocidente e governado por um ditador megalomaníaco, se
vangloria de possuir uma das maiores e mais bem equipadas tropas de
Forças Especiais do mundo. Criada logo depois da Guerra
da Coréia, na década de 50, tem como missões
específicas: desorganizar, confundir e enfraquecer as forças
de defesa sul-coreanas, causando pânico e desorientação,
antes de um ataque em maior escala; efetuar reconhecimento e ações
de sabotagem em tempos de paz; assassinar líderes políticos
e militares do sul; e contribuir para a segurança interna. Missões
de cunho operacional consistem na destruição de alvos
estratégicos tais como bases, centros de comando, portos, refinarias,
e sítios de mísseis, estando apta também a conduzir
ataques contra bases aéreas americanas no Japão ou outras
instalações militares no Havaí. Conhecida como
Special Purpose Forces (Forças para Funções
Especiais), seu efetivo está estimado em cerca de 120.000 homens,
organizados em 22 brigadas leves e 7 batalhões leves de infantaria.
A nata dessas Forças é formada por quatro brigadas de
reconhecimento, cada uma com 4.200 soldados, atuando diretamente na
área de fronteira, junto a Zona Desmilitarizada que divide as
duas Coréias.
A
experiência mostra que as operações contra o sul,
são invariavelmente executadas por no mínimo dois e no
máximo seis elementos. Assassinatos e seqüestros efetuados
por equipes específicas dentro das brigadas, guardam estreita
ligação com as diretrizes do altamente secreto Departamento
de Pesquisas do Comitê Central, que acredita-se ter sido o responsável
pelo atentado a bomba que derrubou um avião da Korean Airlines
no inverno de 1987. Oficialmente todos os membros das Forças
Especiais são homens, mas na realidade um número indeterminado
de mulheres são incorporadas, oriundas do Departamento de Segurança
Política, para dar maior credibilidade e discrição
às unidades operando infiltradas em território hostil.
As brigadas são responsáveis pela coleta de material de
Inteligência ao longo da península e para isto patrulhas
de longa distância são freqüentemente infiltradas
por mar ou pelo ar, embora algumas vezes elas utilizem os diversos túneis
cavados por baixo da Zona Desmilitarizada.
A seleção e o treinamento
são rigorosos. Ainda que não reconhecidos por sua iniciativa
ou liberdade de pensamento, todos os soldados norte-coreanos são
altamente motivados e bastante disciplinados. Conscritos são
recrutados entre os 17 e os 21 anos e servem até os 27. Devido
às condições climáticas extremas os exercícios
em campo aberto ficam restritos aos meses de verão. Ao fim de
um curso de treinamento básico com duração de um
mês, os recrutas são designados para uma unidade operacional
onde continuam seu treinamento a nível de pelotão e companhia.
Então, concentram-se particularmente em treinar ações
de infiltração, combate corpo-a-corpo, demolição
e coleta de informações de Inteligência, que lhes
serão muito úteis nos anos seguintes. Em tempos de guerra,
equipes formadas por homens das brigadas de reconhecimento podem se
disfarçar utilizando uniformes dos Exércitos sul-coreano
ou americano, se infiltrando entre eles e empreendendo uma série
de operações dissimuladas para confundir e minar o moral
do inimigo, como comboios que podem ser redirecionados para emboscadas,
centros de comando ou de comunicações que podem ser invadidos
ou assegurar zonas de desembarque para futuros assaltos aerotransportados
ou helitransportados.
Os
equipamentos usados pelas Forças Especiais são normalmente
leves, flexíveis e facilmente adquiridos no mercado internacional.
A maioria da tropa carrega uma faca ou baioneta, uma versão das
pistolas automáticas Browning 9mm ou Tokarev
7.62mm, e fuzil AK-47
ou M-16. Lança-rojões portáteis de origem
russa RPG-7 ou AT-3 Sagger, fuzis snipers
e morteiros calibre 60mm estão disponíveis quando necessários.
Os uniformes são os regulares do Exército norte-coreano,
sendo que em operações usam-se os camuflados em tom de
verde no verão e o todo branco específico para inverno.
A Coréia do Norte por muitos anos tem dado assistência
militar a governos estrangeiros, a grupos revolucionários e organizações
terroristas. Membros das Forças Especiais freqüentemente
atuam como instrutores em diversos centros de treinamento de guerrilhas
espalhados pelo país, calculando-se que já tenham treinado
milhares de guerrilheiros nos últimos 40 anos. Servindo como
assessores militares, homens das brigadas de reconhecimento atuaram
ou atuam em pelo menos 35 países no Oriente Médio, Ásia
e África, onde teve ampla participação durante
a guerra civil em Angola. Embora mais discretos do que assessores de
outros países, não resta dúvida que os norte-coreanos
estão apoiando ativamente seus aliados políticos em escala
mundial.