Introduzidas no serviço ativo em 1990, registradas com os prefixos
28000 e 29000, as duas aeronaves VC-25A são verdadeiros
centros de comando aéreo, utilizadas para transportar o presidente
dos Estados Unidos. Versão militar amplamente modificada do Boeing
747-200B, ficou popularmente conhecido pelo
seu código de chamada: Air Force One (Força Aérea
Um), embora essa designação só se aplique quando
o presidente está a bordo. Com um comprimento de 70,6 m e envergadura
de 59,6 m, tem capacidade para 76 passageiros e uma tripulação
de 26 pessoas. Impulsionado por quatro motores GE CF6-80C2B1, com empuxo
unitário de 250 kN, pode manter uma velocidade de cruzeiro de Mach
0,84 e seu alcance é de cerca de 13.000 km, podendo ser reabastecido
no ar, para permanecer voando por longos períodos em uma situação
de emergência. A aeronave reserva fica sempre de prontidão
para eventuais necessidades ou em caso de pane da principal. Quando em
solo, agentes do Serviço Secreto cercam o VC-25A, impedindo
a aproximação de qualquer pessoa não ligada à
sua manutenção e seus planos de vôo são de
conhecimento restrito, nunca divulgados com antecedência. Internamente
a aeronave possui três pisos, com área útil de 370
m², sendo que o segundo piso ou deck principal está configurado
para receber o presidente, seus assessores e outros membros da comitiva.
Em sua parte frontal há uma suíte presidencial, com duas
camas e lavatório completo, e um escritório particular,
chamado de Salão Oval do Air Force One, de onde o mandatário
pode fazer pronunciamentos à nação, capacidade esta
adicionada após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Estes aposentos estão localizados ao lado direito da fuselagem,
com um longo corredor do lado esquerdo permanentemente guardado por dois
agentes do serviço secreto. Mais ao centro há uma sala de
reuniões, originalmente designada "sala de situação",
com uma tela de plasma de 50" que pode ser usada para teleconferências.
A seguir encontra-se o anexo ocupado pela equipe médica (um médico
e uma enfermeira) equipado com maca, instrumental cirúrgico, aparelhos
de monitoramento e um bom estoque de medicamentos, onde podem ser realizados
pequenos atendimentos ou mesmo a estabilização de um paciente
em estado mais grave até a chegada a um centro hospitalar. A alimentação
a bordo é garantida por duas galleys (cozinhas), com capacidade
para preparar cem refeições de cada vez, sendo que há
um cardápio exclusivo para o presidente. Na parte traseira do piso
principal estão as acomodações para os integrantes
da equipe, convidados e jornalistas, que não podem transitar pelos
outros setores sem prévia autorização da segurança.
No terceiro piso localizam-se a cabine de pilotagem, a sala de comunicações
e a sala do pessoal de apoio. No primeiro piso, ou porão de carga,
está o compartimento de bagagens, estocagem de gêneros alimentícios
e material de manutenção. Embora não divulgado por
motivos de segurança, acredita-se que neste piso estejam alojados
diversos equipamentos e sensores responsáveis pela proteção
da aeronave contra ataques externos, como alerta radar e alerta anti-mísseis
e lançadores de chaffs e flares. Os sistemas
de comunicação segura são criptografados e protegidos
contra interferência eletrônica ou pulsos eletromagnéticos
de um eventual ataque nuclear.
Todos os sistemas são duplicados e interligados por cerca de 380
km de cabos e fios. Durante o vôo as armas e munições
não ficam de posse dos agentes e sim guardadas em armários
com mecanismos de segurança codificados, de conhecimento somente
do pessoal do Serviço Secreto. Para
transportar os veículos blindados, helicópteros e demais
equipamentos necessários para a comitiva presidencial são
utilizados cargueiros C-5 Galaxy que precedem a chegada do VC-25A.
Em muitas ocasiões este opera em conjunto com o helicóptero
presidencial, o Marine One, que efetua o translado do presidente
para o aeroporto ou para outras localidades, em circunstâncias
em que o transporte veicular for inapropriado ou desaconselhável.
A um custo unitário de US$ 325 milhões, as duas aeronaves
VC-25A são mantidas e operadas pelo Grupo de Transporte
Presidencial, subordinado a 89º Airlift Wing (Ala
de Transporte) do Air Mobility Command (Comando de Mobilidade
Aérea), estacionados na Base Aérea de Andrews em Camp Springs,
no Estado de Maryland. Em janeiro de 2009 a USAF emitiu uma solicitação
de propostas (Request For Proposals - RFP) para a escolha de
uma nova aeronave para substituir os dois VC-25A a partir de
2017, com possibilidade de mais duas unidade em 2019 e 2021. Somente a
Boeing se interessou em concorrer oferecendo inicialmente a versão
747-8, mas já se estuda a oferta de seu mais novo produto
o 787 Dreamliner, ainda em desenvolvimento. Seja qual for o escolhido
uma certeza se tem: o índice de confiabilidade e segurança
para transportar o chefe de estado mais importante do mundo será
mantido.
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