Desde de sua criação em 1947, a Agência Central de
Inteligência americana (CIA) tem mantido uma pequena mas eficiente
capacidade de atuação operacional, através de uma
unidade paramilitar supersecreta, antes vinculada ao Escritório
de Serviços Estratégicos (OSS), que coordenou missões
de operações especiais na Europa e na Ásia durante
a Segunda Guerra Mundial.
Conhecida como Divisão de Atividades Especiais (Special Activities
Division ou SAD), esta unidade atualmente subordinada ao Escritório
de Atividades Clandestinas da CIA, embora nunca tenha contado com mais
do que uma centena de efetivos, possui elementos treinados para ações
em terra, mar ou ar, nos mesmos moldes e com a mesma eficiência
das demais tropas de operações especiais do Pentágono.
Apesar do esforço da CIA para manter este grupo longe dos holofotes,
sempre negando sua existência, isto mudou radicalmente após
os atentados de 11 de Setembro. A confirmação oficial aconteceu
em novembro de 2001, depois que prisioneiros Talibans amotinados na prisão
afegã de Mazar-e-Sharif mataram o agente Johnny Micheal Spann.
Não
só a CIA identificou publicamente Spann como um de seus elementos
paramilitares, como o diretor da Agência o descreveu como "um
herói americano que mostrou sua paixão por seu país
através de sua abnegada coragem". O papel exercido pelos paramilitares
da CIA nas guerras do Iraque e do Afeganistão são agora
plenamente conhecidos. Neste último, alguns dos membros da SAD
agem nas "sombras" para monitorar, localizar e capturar membros
importantes do Taliban e da rede terrorista al-Qaida, atuando também
como conselheiros militares das forças da Aliança do Norte.
Outros orientam os ataques da Força Aérea até seus
alvos, na função de observadores aéreos avançados,
ou participando de ações diretas em conjunto com unidades
militares americanas. Os UCAV Predator, armados com mísseis
anti-tanques Hellfire, fizeram sua estréia em combate
durante a primeira fase da Operação Liberdade Duradoura,
coordenados pelo pessoal especializado da CIA.
Os membros da SAD tem estado ativos no Iraque desde a invasão americana
em 2003, trabalhando com a nascente força de segurança iraquiana
(pró americana) e apoiando as missões de operações
especiais do Pentágono, incluindo as que levaram à captura
de Saddam Hussein e do líder da al-Qaida, Abu Musab al-Zarqawi.
É também de conhecimento público qua a CIA está
operando uma série de aeronaves, dentro e fora da zona de guerra,
composta por helicópteros de origem russa Mil
Mi-17, jatos executivos e aeronaves de linhas aéreas convertidas,
em atividades de inteligência, reconhecimento ou apoiando as tropas
regulares. Nos dias de hoje, a CIA não só admite a existência
desses "guerreiros das sombras", como não inibe a crescente
divulgação nos meios de comunicação de suas
façanhas e de sua contribuição na luta contra o terrorismo.
Este braço armado da CIA, que só age após autorização
do presidente, complementa os esforços das forças armadas
americanas e seus membros são empregados com excepcional rapidez
e agilidade, utilizando-se da rede
de agentes da CIA ou cooptando novos colaboradores, como se pode observar
no Afeganistão após o 11 de Setembro e mais tarde no Iraque.
Os
paramilitares da SAD, muitos deles recrutados na comunidade de forças
especiais, são treinados pela CIA como agentes de inteligência,
dando a esta a habilidade não somente de monitorar a situação
ao redor do globo, mas de poder mudá-la se necessário. A
despeito de seu aparente sucesso, as operações paramilitares
da SAD tem sido alvo de debates no Congresso, onde alguns legisladores
questionam que possa estar havendo uma duplicação de esforços
entre a CIA e o Departamento de Defesa, mas ambos reconhecem, em depoimentos
aos congressistas, que as capacidades de suas unidades especiais são
únicas e devem continuar atuando como forças que se complementam.
Independente da polêmica criada, é certo que os paramilitares
da SAD estão neste momento em algum lugar do planeta, operando
secretamente e usando táticas não convencionais, em seu
incansável esforço no combate ao terrorismo internacional.
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